O conceito de proxy é mais conhecido na área de informática, onde ele designa um intermediário que age em nome de um usuário, canalizando suas solicitações e respostas para o servidor, mascarando ou protegendo sua identidade. A palavra proxy tem origem no latim “procuratio” (gestão ou representação em nome de alguém), o que reflete sua essência: atuar como um substituto ou representante de outro. Esse conceito, embora bastante difundido na informática, também é amplamente aplicado em diversos setores, incluindo as relações governamentais e institucionais.
Em relações institucionais, um proxy é alguém que representa ou complementa uma entidade ou empresa em interações com o governo ou com outras instituições. O objetivo desse intermediário é defender e promover interesses específicos, muitas vezes denominados “pautas” ou “issues”. Os proxies também têm a capacidade de melhorar a coordenação e articulação dos diversos interessados e convergir a mensagem dos diferentes atores. É o caso das entidades, como associações e federações, como a CNI (Confederação Nacional da Indústria) ou a Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Mas também de ONGs, que representam interesses da sociedade civil. Um exemplo histórico foi a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão (SBCE), uma instituição brasileira criada pelo parlamentar e escritor Joaquim Nabuco, em parceria com o jornalista José do Patrocínio e o engenheiro André Rebouças, em 7 de setembro de 1880, com o propósito de lutar contra a escravidão no Brasil.
A importância de um proxy nesse contexto é fundamental, pois a maneira como a mensagem é transmitida pode ser tão importante quanto o conteúdo em si. A noção aristotélica de ethos, pathos e logos nos ajuda a compreender por que isso é essencial.
- Ethos refere-se à credibilidade e autoridade de quem transmite a mensagem. Um proxy com alta credibilidade pode dar mais peso e legitimidade à causa. Por exemplo, uma frente parlamentar dedicada a uma determinada questão legislativa tem um ethos forte dentro do Congresso. Ao defender uma pauta, o apoio de parlamentares gera mais impacto do que a defesa feita diretamente por uma entidade privada.
- Pathos se refere à capacidade de gerar empatia e emoção no público. Alguns proxies são mais eficazes em atingir certos públicos justamente por seu apelo emocional. Por exemplo, enquanto um diretor de uma empresa pode defender os interesses de um setor empresarial de forma objetiva, um sindicato pode usar uma narrativa focada no impacto social de suas demandas, gerando maior identificação com o público.
- Logos representa a lógica e a clareza da mensagem. Think tanks e entidades setoriais, que muitas vezes têm uma forte base técnica e de pesquisa, são proxies eficazes para transmitir mensagens baseadas em dados e evidências. A comunicação vinda de uma entidade técnica, como um instituto de pesquisa, traz um impacto diferente de um discurso empresarial, mesmo que ambos defendam a mesma pauta.
Esses exemplos ilustram por que ter proxies distintos para defender uma mesma causa é tão estratégico. Cada público reage de forma diferente ao mensageiro, e a utilização de diversos proxies permite adaptar o discurso à audiência, maximizando a eficácia da comunicação.
Entidades setoriais, como associações de indústria, atuam como proxies ao dialogar com o governo sobre as demandas do setor que representam. Elas utilizam sua especialização para moldar políticas públicas que afetam diretamente seus associados. Da mesma forma, think tanks — grupos de pesquisa e análise — têm como propósito principal influenciar políticas com base em estudos e dados, e são considerados proxies altamente eficazes para promover a racionalidade técnica de uma questão.
As frentes parlamentares, por sua vez, são grupos de parlamentares unidos em torno de uma pauta comum. Elas representam um poderoso proxy, pois são formadas por legisladores que têm o poder de influenciar diretamente a criação e a modificação de leis, articulando interesses coletivos no âmbito do Congresso Nacional. O apoio de uma frente parlamentar pode amplificar o poder de uma pauta, não apenas por sua legitimidade, mas pelo acesso direto às decisões legislativas.
Por fim, outro aspecto essencial dos proxies nas relações governamentais e institucionais é a capacidade de proteger a reputação de quem está defendendo determinada pauta. Por exemplo, uma empresa pode preferir que suas demandas sejam defendidas por uma entidade setorial ou um think tank, para evitar parecer que está advogando apenas por seus próprios interesses comerciais. Um proxy pode agir de maneira mais estratégica e técnica, conferindo uma aura de imparcialidade à defesa da pauta.
Em resumo, a presença de proxies nas relações institucionais é essencial para a defesa de pautas. Esses intermediários trazem credibilidade, empatia e lógica à mensagem, adaptando a comunicação ao público-alvo e protegendo os interesses e a reputação de quem representam. Como Aristóteles nos ensinou, não basta ter uma boa mensagem; quem a transmite e como ela é comunicada podem fazer toda a diferença.
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