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“Então você quer contratar um Head de Relações Governamentais? — Os 4 principais tipos de líderes que você pode escolher… e 5 erros que as empresas cometem” por Adam Kovacevich

“Então você quer contratar um Head de Relações Governamentais? — Os 4 principais tipos de líderes que você pode escolher… e 5 erros que as empresas cometem” por Adam Kovacevich

Digamos que você é um CEO procurando contratar um líder para a função de relações governamentais e políticas públicas. Que tipo de pessoa você deve contratar?

Depois de quase 20 anos trabalhando em cargos internos de relações governamentais e políticas públicas, associações setoriais e política de tecnologia, já conversei com CEOs e diretores jurídicos que buscavam líderes para essa função – e vi muito sobre o que funciona e o que não funciona.

Já vi desencontros, quando tanto a empresa quanto o líder tinham expectativas desalinhadas.

E observei que muitos CEOs, diretores jurídicos e executivos não entendem bem a função de relações governamentais para saber exatamente o que procurar.

Aqui está meu conselho para empresas que estão buscando líderes nessa área.

Quatro tipos de profissionais de Relações Governamentais

Em geral, existem quatro principais tipos de líderes para essa função:

1. O Especialista em Políticas (Policy Wonk): um profundo especialista em determinado tema. Frequentemente tem formação em Direito ou Políticas Públicas e é uma das principais referências em sua área. Costuma ter atuado no Executivo, em think tanks ou na academia. Representa a empresa em painéis e conferências, escreve documentos de posição e ajuda a definir quais bandeiras a companhia deve levantar.

2. O Lobista-Chefe (Chief Lobbyist): orientado a relacionamentos, é um verdadeiro “abre-portas”. Assim como um excelente vendedor, coloca as conexões em primeiro lugar e busca constantemente se aproximar de formuladores de políticas. Vem muitas vezes de cargos no Congresso. Consegue reuniões estratégicas, coleta informações de bastidores e é procurado por autoridades em busca de conselhos. Normalmente é extrovertido, bem conectado, partidário e ativo em captação de recursos políticos.

3. O Estrategista (Strategist): foca em desenvolver estratégias multifacetadas para vencer batalhas políticas — seja aprovar um projeto, derrotar uma proposta ou conquistar contratos públicos. Pode ter sido gerente de campanha ou chefe de gabinete. Define planos que envolvem lobby direto, comunicação, engajamento de base, publicidade e envolvimento da alta gestão. Precisa ser menos partidário e ter visão sobre ambos os lados do espectro político.

4. O Embaixador (Ambassador): um executivo sênior designado como principal elo da empresa com autoridades, muitas vezes substituindo o próprio CEO. Pelo peso do cargo — como “Presidente” ou “Diretor de Assuntos Externos” — representa a companhia em reuniões de alto nível com ministros ou parlamentares. Pode ter sido político eleito ou confidente do CEO. Viaja constantemente e assume compromissos institucionais como depoimentos no Congresso.

Que tipo de líder depende do tamanho da equipe

Então, qual desses perfis contratar?

Isso depende muito do tamanho da equipe de GR, que reflete a dimensão da empresa e seu grau de exposição regulatória:

  • Equipe com menos de 5 pessoas: contrate um Chief Lobbyist ou Policy Wonk. Nesse porte, o líder precisa atuar diretamente em lobby ou defesa de políticas.
  • Equipe entre 5 e 50 pessoas: contrate um Strategist. O líder deve definir rumos e não ser o lobista principal. Nesse cenário, lobistas e especialistas trabalham como líderes de divisão.
  • Equipe com mais de 50 pessoas: contrate um Ambassador como líder, apoiado por estrategistas fortes. Esse formato tira a pressão do CEO de ser a “cara” da empresa perante autoridades.

Com o crescimento, as necessidades mudam. É bom saber de antemão que, se a empresa alcançar seus objetivos, será preciso ajustar a liderança.

Erros comuns

Infelizmente, nem sempre há alinhamento entre perfil e necessidade. Aqui estão cinco erros frequentes:

  1. Esperar que o líder seja bom em tudo. Normalmente, cada profissional se encaixa claramente em uma das categorias. Não é justo contratar um especialista e depois reclamar que ele não consegue abrir portas políticas.
  2. Contratar conforme o vento partidário. Algumas empresas esperam o resultado eleitoral para contratar alguém do partido vencedor. Isso superestima conexões partidárias e mina a sustentabilidade da estratégia, já que o cenário político é cada vez mais dividido.
  3. Comprar relacionamentos em vez de alugá-los. Apostar apenas em um lobista ou embaixador com conexões do momento é uma solução de curto prazo. É mais inteligente contratar lobistas externos para necessidades pontuais e renovar conforme o poder muda de mãos.
  4. A ilusão da “celebridade política”. Alguns CEOs técnicos acreditam que contratar um grande nome da política resolve tudo. Mas a influência desses nomes diminui rápido após deixarem o governo, e experiência em ser lobbyado não é o mesmo que saber fazer lobby.
  5. Ver GR de forma diferente de outras funções corporativas. Um head de engenharia sabe programar, mas não programa no dia a dia: ele define prioridades. O mesmo vale para GR: líderes de equipes maiores devem definir estratégia e direção, não ser lobistas de campo.

A maioria dos CEOs conhece pouco sobre relações governamentais e políticas públicas, então o processo pode parecer confuso. Mas pensar cuidadosamente no tipo de líder certo para o momento da empresa leva a escolhas muito melhores.

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Esse é um texto originalmente publicado no LinkedIn por Adam Kovacevich, fundador e CEO da Chamber of Progress, uma coalizão política de centro-esquerda voltada para promover um futuro progressista para a indústria de tecnologia. No texto, ele oferece orientações importantes sobre como escolher o tipo ideal de líder para a área de relações governamentais dentro de uma empresa — apresentando quatro perfis distintos e os erros comuns cometidos nesse tipo de contratação. O artigo original pode ser conferido neste link: https://www.linkedin.com/pulse/so-you-want-hire-head-government-relations-adam-kovacevich-dttve/

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