Mensurar a evolução e o sucesso de estratégias sempre foi um dos maiores desafios para as relações governamentais e institucionais. Diferentemente de métricas claras e tangíveis em outras áreas, como vendas ou engajamento digital, medir impacto político exige ferramentas e metodologias que capturem nuances e mudanças de percepção ao longo do tempo.
A Agência Nabuco desenvolveu uma metodologia própria para lidar com este desafio. Essa abordagem reconhece o espectro que vai da entrega do trabalho (como notas técnicas, estudos, e artigos) até o impacto do trabalho (mudanças concretas, como adoção de posições em relatórios ou obstruções legislativas), passando pelos resultados (marcos intermediários como internalização ou externalização de ideias por stakeholders-chave).
Entendendo as Etapas
As etapas são divididas em entrega (E1, E2), resultado (R1, R2, R3) e impacto (I). Os extremos desse espectro refletem diferentes graus de controle da equipe de relações governamentais e institucionais. Enquanto a etapa E1 está totalmente sob o controle da agência/cliente, a etapa I depende de uma série de fatores externos. No entanto, esse resultado final é diretamente influenciado pelo trabalho consistente e estratégico realizado nas etapas anteriores.
E1 – Realização do trabalho com posicionamento
É o ponto de partida, onde a base do trabalho é construída. Nesta etapa, são elaboradas notas técnicas, artigos ou estudos que apresentam o posicionamento inicial. A prioridade aqui é garantir a qualidade e clareza do material produzido.
Exemplo de mensuração: Elaborar uma nota técnica ou contratar um estudo.
E2 – Publicização do trabalho com posicionamento
Aqui, o objetivo é tirar o trabalho do papel e levá-lo ao público relevante. Essa etapa inclui ações como apresentar estudos em audiências públicas, publicar artigos em veículos de relevância ou divulgar materiais estratégicos para assessores políticos.
Exemplo de mensuração: Expor a posição em uma audiência pública ou publicar um artigo em jornal relevante.
R1 – Stakeholder-chave internaliza nosso posicionamento
Nesta etapa, o trabalho começa a ter ressonância junto aos principais stakeholders. Significa que líderes ou parlamentares passaram a entender e assimilar o posicionamento apresentado, abrindo espaço para discussões mais aprofundadas.
Exemplo de mensuração: Discutir o artigo ou estudo com um parlamentar em reunião fechada.
R2 – Stakeholder-chave externaliza nosso posicionamento
Quando um stakeholder decide levar o posicionamento adiante, ele começa a compartilhar publicamente a ideia defendida. Pode ser em discursos na tribuna, em reuniões com outros parlamentares ou até mesmo nas redes sociais.
Exemplo de mensuração: Parlamentar citando o estudo na tribuna ou compartilhando-o nas redes.
R3 – Posicionamento é concretizado por parcela dos stakeholders
Nesta etapa, a ideia começa a ganhar corpo e respaldo. Outros stakeholders aderem ao posicionamento, utilizando-o para fundamentar ações concretas, como emendas, votos ou estratégias de obstrução.
Exemplo de mensuração: Parlamentares utilizando o estudo como base para votos ou posicionamentos em debates.
I – Posicionamento é plenamente concretizado
O ápice do trabalho: quando o posicionamento se transforma em um impacto real. Isso pode significar a aprovação de uma proposta, o acolhimento formal do posicionamento por um relator ou até a obstrução de um projeto que ia contra os interesses defendidos.
Exemplo de mensuração: Parecer do relator acolhendo o posicionamento ou projeto obstruído.
Como isso se conecta à Janela de Overton?
O método parte da premissa de que toda ideia considerada “impensável” pode, com o tempo e estratégia, tornar-se politicamente viável. Para isso, é essencial trabalhar em três pilares: legitimidade (quem defende a ideia), volume (quantas pessoas estão falando dela) e urgência (por que isso é necessário agora).
A jornada de E1 a I reflete esse processo. Cada etapa, devidamente mensurada, mostra como ideias visionárias podem se transformar em realidades políticas. Esse acompanhamento estratégico permite ajustar táticas ao longo do caminho, garantindo resultados mais efetivos e alinhados aos objetivos do cliente.
Por que isso importa?
A metodologia da Agência Nabuco ajuda a mensurar não apenas os resultados imediatos, mas também o progresso incremental e estratégico de um trabalho, permitindo aos clientes entender onde estão no espectro de impacto. Assim, não se trata apenas de medir o que foi entregue, mas sim de acompanhar como o trabalho está sendo percebido e utilizado pelos stakeholders ao longo do tempo.
Essa abordagem garante um acompanhamento claro e direcionado das estratégias, sempre com o foco em transformar ideias visionárias em realidades políticas.